entre um dia e outro

2009 E 2010: ARQUIVO DE RESIDÊNCIAS . 2011 e 2012: PROJETO ESCUTA NÔMADE

Jim Campbell

Podemos aplicar sem medo o adjetivo incrível para a Exposição do norte americano Jim Cambell. O cara ao mesmo tempo tem um domínio impressioanante de tecnologia e tem uma sensibilidade extraordinária. Seus trabalhos independem da novidade tecnologica. Aqui nesta foto vemos pessoas andando na calçada das torres gêmeas – a exposição é sobre o atentado. A imagem se forma através de LEDs que se apagam e acendem. Onde a placa translúcida está mais colada aos LEDs (à direita) a resolução é maior: há uma transição entre o borrado e o definido, entre o digital e o analógico e sobretudo uma fantasmagoria — em Fundación Telefónica.

Mas no trabalho da foto acima, à medida que os LEDs se acendem e apagam os pixels forma a imagem em movimento de um velho andando com sua bengala. É um retrato melancólico, atencioso. Interessante como Jim Campbell faz uma espécie de arqueologia em busca de uma tecnologia já ultrapassada – nestes tempos de nanotecnologia – para fazê-la render mais. Presumo que são placas de arduino que criam a sequencia de liga e deliga das lâmpadas.

Mesmo princípio. Nesta imagem acima as imagens mas nítidas são fixas, apresentadas em uma placa transparente. Por trás da placa, estão LEDs que se apagam e acendem fazendo com que vultos em baixa definição passem pela fotografia. Também uma referência aos mortos no atentado de 11 de setembro.

O sentido deste trabalho não entendi, apenas ficou uma sensacão de instabilidade. Mas é muito bonito e simples. Esta câmera oscila lentamente sobre o pedaço de madeira projetando na tela o prego que está na ponta e o fundo em contínua mudança. Aqui vemos na parede a imagem capturada do prego e de uma mulher que via a exposição. Certamente, pode ser encarada como uma prática teórica na medida que pensa o lugar da câmera no audiovisual em movimento.

Uma pequena – não mais que um dúzia de trabalhos – grande exposição, que somada às leituras da biblioteca fizeram da Fundación Telefónica um refugio de fruição e  pesquisa.

Laboratório de Juguetes – Jorge Crowe e Mathews Knelsen

No dia 23 de setembro o entrevistado foi Jorge Crowe, um artista que não se encaixa bem nos lugares mais definidos da arte. A entrevista rendeu bastante, tudo bem gravado ficará à disposição dos interessados. Poderíamos dizer que ele é uma artista de circuit bend (gambiarras elétricas e eletrônicas) mas é muito pouco.

Ele tem formação em artes visuais. A mesa de trabalho dele nunca fica no palco, precisa da proximidade, da intimidade com o público que reconhece, às vezes, antigos brinquedos. Os `’joguetes’geram novas imagens, na maioria das vezes fabulosas. A maioria dos bonecos é acionado eletricamente, num ato de ligar/desligar que ele associa com a mesma linguagem binária dos computadores. Tais movimentos geral ruídos das máquinas que ele compõe de forma ritmada. É ouvir e ter vontade de dançar. Não se vê como músico, uma coisa bem acima de seus limites, segundo ele.


Ele estudou 2 anos Teatro de Objetos (Que coisa, né? Vontade de fazer algo assim, para continaur as narrativas da Berenice) e se vê como o menino que brincava sozinho e agora abre a porta da sua casa para que outras pessoas vejam. As imagens são capturadas por Matheus Knelsen que também usa briqneudos para isso: essa pequena camera da foto é acionada mecanicamente: gira verticalmente e horizontalmente. E o melhor: tem um tremzinho que circula no meio dos objetos captando a imagem com uma grande angular que dá uma dimensão gigante aos objetos. Tudo projetado numa tela ou numa televisão que fica pertinho dos espectadores.

Como resultado deste diálogo realizamos no dia 05 de dezembro uma transmisão de skype para vários espaços culturais da terrinha (CCBNB Cariri, Dança no Andar de Cima, Vila das Artes). Um teste das possibilidades do live stream. A forma de transmissão e recepção se mostrou aquém do necessário, mas a vontade de articular, formar redes é sempre mais forte. Foi nesta coasião que pudemos conversar com Mathews Knelsen, em seu português impecável, por sinal.

4,5 Assunciónes


Realizado o Percurso urbano de Assuncão estamos preparando uma pequena publicação, relatando, revivendo, confirmando as experiências. É um texto do fabuloso Javier Rodrigues. Mas para não perdermos tempo segue na caixa de downloads o material inacabado. Logo, logo estaremos publicando tudo revisado e com as fotos corretas.

Asunción: Entre a história e a imaginacão

Já em Buenos Aires entre entrevistas e visitas a espaços de cultural digital volto o olhar para Assunção. Foram dez dias se pausa, participando de uma oficina, preparando uma edição dos percursos urbanos, comprando material eletrônico e principalmente  conversando muito com as pessoas, artistas principalmente. Em todos eles, uma vontade muito grande de falar de história, dos desfiladeiros que levaram até o lugar em que ocupam. Mas também admirável a capacidade imaginativa perceptível nos trabalhos, na vontade de dialogar com o mundo em outras bases.

Comentários do dia a dia foram postados neste álbum do facebook mas gostaria de aproveitar para fazer uma pequena síntese das percepções que tive esclarecendo antes de mais nada que foram  apenas dez dias, bastante ocupado e movimentando-se basicamente nos limites do centro da cidade.  Portanto: impressões apenas, muitas das quais óbvias.

A Guerra do Paraguai dizimou 80% da população paraguaia,  tirou um terço do seu território, isso talvez até muitos de nós sabem. Mas poucos sabem que o último país a perdoar a dívida de guerra foi o Brasil: levou 80 anos para decidirmos que não cobraríamos mais do povo paraguaio estes recursos. Assim, dificilmente poderiam se levantar. Depois no século XX a Shell e a Esso se colocaram a disputar a região do Chaco – uma financiando armas para Bolívia, outra para o  Paraguai. Os dois povos nem entendiam porque estava brigando.  O fato é que o nacionalismo em nossos países parece ter servido mais a interesses de poucos. Deixamos de perceber nesta pantomima de cores nacionais o massacre dos negros submetidos a guerra, ou a destruição mútua das culturas indígenas. De qualquer forma, o Paraguai sobreviveu e a língua Guarani também.  E certamente as nações hoje mais ricas possuem uma dívida com este País e que certamente não pode ser na forma de esmola, mas do estabelecimento e uso de novas cartografias para América Latina.  Assim, poderemos ver muito além da venda de eletrônicos.

Na área digital, não temos os grandes eventos, mas o entusiasmo da pesquisa pessoal. Algumas empresas de publicidade ofereceram dentro de usas estruturas serviços de produção de imagens em novas mídias como video Mapping, streamig, virais para net. Entretanto parece não garantir a sustentabilidade na medida que são áreas que exigem esforços de pesquisa contínua que as empresas não podem financiar. Assim, são os próprios artistas que motivados por algum verme dão continuidade às pesquisas e práticas. Entre as pessoas que entrevistamos nesta área temos Daniel Milessi,  Juanchi Franco Maida e  Don Alvarit.  Esperamos dar continuidade às entrevistas pois percebemos que mesmo quando as unviersidades não se dão conta de acompanhar as mudanças das novas mídias, a informação e os processos de troca tem garantido a formação de talentosos artistas digitais.

Inhotim

Primeira vez em Inhotim, o parque botânico e de arte contemporânea distante duas horas de BH. Passei seis horas andando, apenas em uns quatro trabalhos me detive para uma apreciacão atenta, cuidadosa ao extremo. Espero voltar outras vezes, quem sabe se hospedar vizinho, dedicar a leituras e gestos específicos. Voltar para fruir exclusivamente dos jardins, por exemplo. Ainda assim, arrisco-me a dizer que há algo equivocado no ar. Não digo que seja opção pela grandiosidade das obras ou das galerias, nem mesmo me refiro à mediação dura, como monitores repetindo instruções ao longo do dia, como se fossem peças de um relógio desses com bonecos. São aspectos que podem ser contrabalançados, no fundo não essenciais. O que mais me causou dúvidas é a contínua diluição dos trabalhos em um ambiente de realeza.

Tomo como referência os cinemas-palácios que constituíram toda uma época do hábito de ir ao cinema. As salas e saguões foram construídas, mobiliadas e decoradas de tal forma que o frequentador tivesse a sensação deslizar pelos tapetes como um princípe. Não era simplesmente, estar na presença ou na casa do rei, a arquitetura permitia que o frequentador se sentisse o tal. Em Inhotim, todos se sentem com reis. Que pode não ter nada demais se você está em ‘resort’, num spa e deseja uma experiência de ilusionismo. Mas, que provoca no confronto e no diálogo com os trabalhos de arte um descompasso, uma alternância da qual precisa-se ficar atento. A porrada de determinadas obras, muitas delas vermelhas, sanguinolentas, se contrastam na saída com o verde idílico e parecem se integrar a um jogo estético formal oferecido a privilegiados que circulam num jardim com traços do estilo inglês, com imitações de paisagens naturais e seus pavilhões a representar mundos exóticos. Assim, as obras como que flutuando em um universo paralelo são apreciadas por espectadores mergulhados a um promenade em muito similar aos que aconteciam na europa do século XIX, embevecidos e atordoados pela ficção da paisagismo, de seus contextos urbanos e sociais. Como o Inhotim não vai mudar, uma melhor alternativa seria intensificar, distorcer seu aspecto disney, procurando através do silêncio, da desacelaração, da desautomatização uma dimensão sabática, própria. E os tesouros das terras mais distantes voltarão a brilhar. Por isso, quero voltar.

Resumo da ópera

As postagens estão ralas e os acontecimentos intensos. Não tá dando pra acompanhar. Mas vamos fazer um resumo da ópera.

De Fortaleza ao Rio. Ali acompanhamos a IV Mostra Live Cinema, tivemos oportundidade de conviver com pesquisadores e artistas. Muitos deles agora já conhecíamos do ano passado. A sensacão já é outra. Existem trabalhos que pretendo comentar posteriormente.

Aproveitei para ver algumas exposições no MAM, no MAC, no Oi Futuro Flamengo, em uma pequena galeira que me foge a memória. Dali, na outra segunda, fui para Belo Horizonte ver o FAD 2011. Chegueia   tempo para o Simposio e duas oficinas. Fiquei na Casa e na biblioteca do Eduardo Jorge. SoLon Ribeiro estava por aqui e passamos uma boa tarde juntos. Na sexta fui para Inhotim e voltei de madrugada para o Rio. Dia seguinte, ArtRio antes do vôo para Assunção. Já na Residência Planta Alta hospedado em um casarão muito especial, em um quarto que sai ondulando a fronteira do luxo e da simplicidade, recebido por artistas superatenciosos. Larissa Jimenez, tive esta surpresa, é a criadora daquela casa com entulhos que está na frente do MAC do Dragão do Mar.  As conversas sobre políticas culturais predominam. Sensacão de que teremos muito, muito o que fazer. Agora, domingo, só neste casarão com duas gatas dorminhocas que só se mexem pra me acompanhar de um cômodo para outro.

A conexão ainda não permite o upload das fotos. Por enquanto, dê uma olhada no album da casa: http://www.flickr.com/people/larissa_jimenez/

Na ponta dos dedos

Dificuldades de conexão nos impediram de postar a miúdo sobre a IV Mostra Live Cinema. Mesmo tarde seguem agora alguns comentários avulsos.

Um dos trabalhos de abertura, Socket Screen, de  Rafael Marchetti e Rachel Rosalen, merece uma descrição.  Cheguei a tempo de ouvir das caixas de som um boa noite e a explicação de que quem não dispusesse de smartphone para participar da performance poderia pegar emprestado ali mesmo. Diante de nós um software na telinha de um celular e depois de fuçar um pouco entendemos como funcionava a proposta. Escreviamos uma palavra, o aparelhinho enviava em wi-fi para um servidor local que filtrava e transformava como palavra de busca dentro das codificações do google. Como resultado, imagens referentes à palavra escrita apareciam interagindo com imagens provocadas por outros participantes.   O posicionamento das imagens era padronizadas, nunca inclinadas, ou de ponta-cabeça. O trabalho não desperta atenção pelas formas visuais,  não se destacava na projeção nada especialmente interessante, mas provocava nos participantes sensações relacionadas à interatividade: a telona na Fachada do oi Futuro aparecia como mídia pública, espaço de poder acessível na ponta dos dedos. E a participação foi intensa, as pessoas postaram bastante e ficavam atentas procurando ler nas imagens as intenções, as idéias que estavam em curso, ou mesmo as possibilidades tênues de relação entre as diferentes imagens. Aos emblemas e fotografias do Flamengo corresponderam minuto depois emblemas e fotografais do Vasco; dos simbolos do Rio sucederam-se imagens do mar. Ainda que sem fio narrativo as pessoas assistiram com muita atenção, tal qual assistiriam um filme.

DIÁLOGO OU DISPUTA – Em parte, o interesse do público foi gerada por uma das dificuldades do trabalho: a participação na edição das imagens acaba se transformando em luta por afirmações individuais, onde a tela é ao mesmo tempo arena e trunfo. Tal como sucede com frequência na economia da atencão, percetptível no uso das redes sociais. O diálogo, a construção coletiva, que eram as intenções dos criadores não aconteceram. Mais tarde, em uma das oficinas, ele reconheceriam que era um trabalho em processo ainda com objetivos a serem alcançados como o de melhorar a situação de diálogo. Formalmente, disseram, não conseguiram colocar um certo ritmo de contração-explosão na massa de imagens. Ao que parece, o número de intervenções do público foi tão grande que deu tilt no sistema, com as imagens se sucedendo sem um tratamento mais elaborado de conjunto, quase sempre apenas surgindo e justapondo-se as imagens.

Do ponto de vista da história do cinema, certamente vemos neste tipo de trabalho o germe da experimentação da forma de exibição e fruição do cinema. E à parte, a constatação que o celular terá ainda muito tempo como a mais multiforme e disseminada das interfaces digitais, a prótese humana mais avancada, através da qual as técnicas de edição se disseminarão, a exemplo do aplicativo para iphone DJ Mixer desenvolvido pelo DJ Spooky, que possbilita aos usuários misturarem sons e músicas diferentes. Enfim, a ponta dos dedos ficou mais ramificada e seus raios bem mais poderosos que no tempo da primeira rebelião, a do controle remoto.

Trabalho de Tatiana Grinberg, artista cujo trabalho que conheci numa das folgas da IV Mostra Live Cinema

Trabalho de Tatiana Grinberg, artista cujo trabalho conheci numa das folgas da IV Mostra Live Cinema


Uma arte para surfistas

Agora no Rio. Ontem, na pracinha do aeroporto, enquanto esperava a carona, uns pássaros cantavam, impliquei ser uma cacatua avisando “Você está na Floresta Atlântica”. Logo mais à noite começa a IV Mostra Live Cinema com um videomapping. A inovação tecnológica está mais marcada na exibição de abertura pela participação do público na projeção através dos seus próprios celulares: o público instala um aplicativo em seus smartphones que lhe permite interagir com as imagens. Refletir sobre o lugar do público, o tipo de relação que se estabelece com a criação, nos possíveis novos cinemas parece um ótimo começo para esta mostra. Agora conferir como isso é feito e para que é feito, com que intenções poéticas.  A tecnologia em uso está longe de ser o mais importante – logo não será mais a mesma – mas a prontidão para a pesquisa, o envolvimento radical com as torrentes do conhecimento; são artistas-surfistas em sintonia corporal/mental com as gigantescas vagas de tecnologias digitais e a arte contemporânea, alegrando-se com a possibilidade de ir o mais longe possível, da forma mais elegante – ou atabalhoada, acontece – que conseguirem. É o movimento de uma época.  Nos próximos  dias  postarei fotos, vídeos e comentários sobre as performances destes artistas-atletas que terei oportunidade de acompanhar no IV Live Cinema e no Festival de Arte Digital que acontece logo em seguida em Belo Horizonte.  Seguimos conversando e compartilhando.

Os artistas responsáveis pela  proposta de abertura são:

Rafael Marchetti

http://www.rmarchetti.com/index/index1.html

Rachel Rosalen

http://www.rachelrosalen.com.br/

Programação da IV Mostra Live Cinema

http://www.livecinema.com.br/artigo/234

Oficina de Desenho Cultural em Juazeiro do Norte

(Texto: Júlio Lira / Fotografias: Saymon e Mônica Batista)

Momento de compartilhar quatro dias bem especiais passados em Juazeiro do Norte para difundir o gosto e a possibilidade das pequenas intervenções no cotidiano urbano dentro da programação do Cenro Cultural Banco do Nordeste. Os participantes da oficina foram um pouco mais de 10 pessoas, entre os quais duas meninas e dois meninos, que frequentam o Centro Cultural há vários anos. Duas universitárias de história, duas de geografia, um estudante de comunicação. Uma professora de ensino fundamental e um professor universitário completavam o time. Junto comigo, na mediação da oficina, Thiago Coutinho que cuidará dos Percursos Urbanos no Cariri. Essa mistura de pessoas, de origens deu um caldo muito fértil.

Cidade-movimento, Juazeiro parece deixar as pessoas prontas para a ação

Partindo de experências anteriores  –  Iniciamos a oficina falando das contribuições de Duchamp e de Joseph Beuys para o campo da arte. Do primeiro ressaltamos a importância do processo de pensar, da relativização da manufatura e do artesanato dentro do processo criativo. Do segundo enfatizamos a incoporação do “nós”, da articulação coletiva em função de uma reconstrução política do mundo. Daí trabalhos também o conceito de ‘Negociação’ como intrumento fundamental neste tipo de trabalho.  Esses conteúdos deram a deixa para apresentar exemplos de práticas estéticas de intervenção. Utilizamos como exemplos a própria Universidade Livre Internacional, de Beuys; a Cozinha Nômade, de Mick O’Kelly; as redes de comunicação de Antonio Abad; a proposta Estante Pública; os ID Barrios; a sala para descanso das prostitutas de Viviana Bravos. Dos trabalhos desenvolvidos por nós na Mediacão nos estendemos apresentando os Narrativas em Volta do Fogo, os Percursos urbanos, os Gestos pelas Cidades.

Muitas vivências de desenho, não como produto, mas como instrumento da imaginacão

Desenho como croqui – Assim, com exemplos de iniciativas ficava mais fácil explicar a noção de que o desenho a que nos referíamos não era um produto a ser contemplado ou exposto numa galeria ou guardado num caderno. Mas é o desenho que é esboço, que é plano, croqui, rascunho para algo que queremos fazer acontecer. Passamos logo ao lápis e ao papel, para não ficar monótono, solicitando que as pessoas divididas em duplas ou trios bolassem alguma proposta. Os pensamentos surgiam e íamos discutindo, dialogando. No final da tarde do primeiro dia os desenhos foram apresentados e discutidos pelo grupo.

Trocas de experiências, negociações de desejos e disposições (Foto:Mônica Batista)

Escrever projeto não! Ação!  No segundo dia discutimos o que fazer: aprender a fazer um projeto para conseguir um financiamento ou realziar uma ação pequena a partir das propsotas levantadas? Todos escolheram realizar algo imediatamente. A partir daí o curso virou uma agência de operações. Coletivamente escolhemos os trabalhos mais simples e viáveis de serem realizados. Decidimos que sera um evento na Praça Pe. Cícero, na sexta, das 17 às 19 horas, horário que gerou o nome da iniciativa NA HORA DAS MURIÇOCAS  (NÃO FIQUE PARADO). De fora, por exigir mais preparação ficou o projeto Tamboretes de Forró, que propõe uma metodologia de conversas para grupos de idosos.

Às 16:30h a turma estava na Praça Pe. Cícero criando os diversos ambientes da intervenção imaginada

Na sexta-feira o Manuel , produtor do CCBNB já havia conseguido autorização municipal e rede elétrica. E nos mudamos para a praça com nossas tranqueiras. Em meia hora,  já havíamos construído um novo cenário no cotidiano da cidade.  Seguem algumas fotos das atividades desenvolvidas.

Crianças sem teto se juntaram ao movimento, pintando o letreiro do evento. As palavras, com uma fonte especail, haviam sido pre-desenhadas pelo artista Saymon (foto do mesmo).

Os adolescentes resolveram colocar a disposição dos frequentadores da praça uma pequena coleção de cordéis. Entre os títulos clássicos como 'A chegada de Lampião no Céu', 'A história do bode Ioiô e o seu encontro e amizade com Orson Welles'; 'Ana Paula, a jovem que se rifou para ir morar em São Paulo'. Um ccordel que sempre gerava risos era o escatológico 'O valor que o peido tem'. (Foto: Mônica Batista).

A idéia do karaokê de poesia mostrou-se bem viável. Além do microfone aberto, que foi ocupado por pessoas interessadas em apresentar seus poemas, o público podia participar lendo poemas sorteados.

Outra rodada de leituras de poemas

Albuns de Família: pessoas da cidade foram convidadas para apresentar suas fotografias. Era saindo uma e entrando outro, todos muitos generosos em compartilhar suas relíquias e memórias.

Sucesso total, os álbuns. Quem sabe não terá continuidade...

Que não trouxe fotografia no papel, trouxe num pen drive e a conversa continuou forte. Até crianca ouvia hipnotizada a memória do envenenamento de Floro Bartolomeu e da escaramuça entre a Coluna Prestes e o bando de Lampião.

A proposta inicial de oficinas em praça pública foi simplifcada com uma apresentação de um forno solar. Era distribuída uma folha com um plano de construção de um forno solar e as pessoas eram convidadas a ver um modelo. Era muito bacana ver as famílias, atentas, interessadas, da mesma forma que fariam com um objeto de alta tecnologia.


O quiosque de papelão onde havia um trabalho audiovisual do Thiago Coutinho teve que suportar uma fila de espectadores

Do lado de fora do quiosque Tiago afixou uma placa que perguntava DE QUEM É ESSA CALÇADA?

Do lado de dentro do quiosque uma sessão de fotografias do conturbado centro de Juazeiro. No contraste, uma trilha sonora deslocada de sons da natureza mixados com melodias também dissonantes das imagens.


Ficou para depois uma idéia complementar: apresentação do modelo do forno solar para um mestre zinqueiro da Associação Mestre Noza. Quem sabe das velhas latas de querozene não surja um novo produto nos mercados populares do Cariri?

Além da memória de bons dias de imaginação e trabalho, trouxe uma figura de madeira para o alto da nossa porta de entrada e de saída.

Para cair na estrada

A viagem do Escuta Nômade está prevista para últimos dias de agosto, mas o projeto em si já se iniciou. Estamos preparando uma identidade visual que será incorporada em camisetas, textos e no estúdio nômade de entrevistas. Estamos aos poucos convidando pessoas de Fortaleza para se agregarem, procurando explorar as possibilidades do intercâmbio que virão. Alguns recebem a proposta de forma entusiasmada, outros ficam indiferentes. Com gestores e curadores  veremos a possibilidade de participarem de intercâmbios com seus pares latino-americanos, além de pensarmos juntos a formação de turmas para aulas à distância por artistas que iremos convidando para ministrar mini-cursos de apresentação de processos de trabalho e uso de softwares específicos. Gostaríamos de começar com aulas do Gimp com Naldo Rodrigues, de Recife.

Outra frente de trabalho atual é articulação dos contatos. Tivemos um início com pé direito no Paraguai, com um diálogo muito amigável com Daniel Milessi, da Galeria e Residência Planta Alta (veja foto). Tudo aponta para uma aproximação de Fortaleza e Assunção no campo das artes. Acertamos a realização de uma oficina de desenho cultural na qual apresento propostas que realizamos como os Percursos Urbanos e o Narrativas em Volta do Fogo.

Casarão onde funciona a Galeria/Residencia/Bar Planta Alta

A tecnologia para emissão ao vivo das entrevistas ainda não foi decidida. Abrimos o canal Escuta Nômade no Livestream e aprendemos a usar os recursos de edição disponíveis. Mas gostaríamos de trabalhar com mais de uma câmera, com mais recursos para edição ao vivo. Quando aprendermos isso, poderemos replicar esse know-how na viagem mesmo. É uma frente de trabalho muito interessante.

Enfim, vamos adiante, na confiança de que as pessoas querem dialogar, desenvolver trabalhos e novos projetos juntas, e que a escuta é uma ferramenta poderosa.